Minas Gerais registra em 2022 a maior participação no PIB brasileiro em 20 anos, mostra levantamento

O estado de Minas Gerais registrou, em 2022, 9,3% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com volume de R$ 924,7 bilhões. De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), responsável pelos dados, é a maior participação do estado nos últimos 20 anos.

Conforme o relatório divulgado na quinta-feira (16), o setor de serviços teve a maior participação, com 63,7% (R$ 521 bilhões) do total. Já a indústria responde por 28,9% (R$ 235,9 bilhões) e a agropecuária por 7,4% (R$ 60,7 bilhões).

Em 2021, a participação do estado no PIB nacional foi de 9,1%.

“A diferença de desempenho da agropecuária nacional para a mineira é um ponto de destaque, na minha opinião”, afirma Thiago Almeida, pesquisador da FJP, em entrevista à CNN.

“As quatro principais culturas — café arábica, cana, milho e soja — apresentaram um crescimento notável em Minas, enquanto, em âmbito nacional, foi um ano ruim para a safra de soja, principalmente puxado pela região sul do país.”

O especialista também destaca o setor de serviços, em especial em outros serviços e agregados.

“A pandemia causou uma demanda reprimida, em especial para bares e restaurantes, hospedagem, aluguel de carros… Todo esse conjunto teve um desempenho bastante positivo no ano”, explica.

Para Paulo Paiva, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e membro do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), chama atenção, também, para a internacionalização da economia mineira.

“Embora não seja um estado com acesso ao mar, Minas Gerais tem uma economia mais aberta que a média nacional. Temos uma participação nas exportações que chega a 15%, principalmente via commodities minerais e agrícolas. Além disso, também temos a indústria de transformação super aquecida”, diz ele.

Por causa disso, a atividade do estado depende “fundamentalmente” do que acontece fora do país, dado o grau de exposição ao mercado de commodities.

“Ainda assim, também dependemos muito do ambiente da economia brasileira. Não somos uma ilha de prosperidade dentro de um mar de turbulências.”

Segundo o pesquisador da FJP Raimundo Leal, no estado, ao longo do ano, a variação positiva do índice concentrou no segundo trimestre, tendo sido de 6,1%. O relatório da Fundação mostra que, no primeiro trimestre, a economia do estado teve leve alta de 0,5%, recuou 2,9% no terceiro e 2% no quarto.

Ainda que o resultado tenha sido negativo na série dessazonalizada no terceiro e no quarto trimestre de 2022, com o resultado favorável do segundo trimestre, na comparação dos últimos 12 meses com o acumulado no ano, houve crescimento de 3,5% no estado.

A economia brasileira registrou crescimento de 2,9% em 2022, impulsionada principalmente pelo setor de serviços, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No quarto trimestre, o indicador teve recuo de 0,2% em comparação com o período imediatamente anterior.

Fonte: CNN BRASIL